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A Páscoa da Prosperidade

Estela estava sentada na cama, com a janela de seu pequeno quarto aberta, para obter um pouco da claridade que a noite enluarada tinha a lhe oferecer.

Ela estava triste, contando e recontando as poucas moedinhas que conseguira ganhar naquele dia tão exaustivo de trabalho. A noite também seria muito cansativa, e ela certamente dormiria pouco. Docinhos e mais docinhos!... Ela passaria boa parte da noite cozinhando. De repente, ela teve a ideia de modelar os docinhos... Estela lembrou-se de que a Páscoa estava chegando!... Ela conseguiria vender seus docinhos rapidamente na manhã seguinte, se eles tivessem o formato de coelhinhos!...

Estela não se enganara. Ela caprichou tanto que os coelhinhos pareciam ter vida. Uma criança, escolhendo seu coelhinho, chegou a dizer: “Mamãe, mamãe, ele vai saltar!”

E, a partir daquela noite em que Estela tivera aquela ideia tão singela, sua vida começou a melhorar. Os seus doces, no formato de coelhinhos, agradaram tanto às crianças, que ela não precisou mais sair para vendê-los. Aquela mesma janela aberta, que lhe ofertara a claridade da lua, permitiu que a prosperidade a visitasse diariamente. Ela afastou a cama e encostou a mesa estreita, que, por sorte, era da mesma altura do peitoril da janela, para servir-lhe de balcão, e as moedinhas não pararam mais de entrar.

Mesmo após a Páscoa, Estela continuou a vender os coelhinhos. E, depois, ela se aventurou a modelar outros bichinhos. A experiência a deixou com o ânimo renovado. Em seu coração, aquela Páscoa foi e sempre será “A Páscoa da Prosperidade”.



Sisi Marques
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O Misterioso Boneco de Neve

Naquele reino, que frequentemente estava coberto com um manto de neve, muitas histórias eram contadas sobre um boneco de neve que surgia, ninguém saberia dizer de onde, para ajudar as crianças a encontrarem o caminho de volta para casa.

É verdade!... Diz a lenda que, naquele reino, também havia um monstro que, para atrair as crianças para a sua caverna, fingia ser muito engraçado. Ele fazia caretas, e elas riam. E, enquanto se divertiam, inocentemente o seguiam até não conseguirem mais refazer o caminho que as levaria de volta para os braços amorosos de seus pais. Quando essas crianças chegavam à caverna do monstro, ele as prendia em celas formadas por gigantescas barras de gelo.

Felizmente não se tem notícia de que alguma criança, aprisionada pelo monstro, não tenha conseguido retornar. Todas elas voltaram para seus lares com a lembrança de que um simpático e gracioso boneco de neve havia aparecido para libertá-las e mostrar-lhes o caminho. 

Vocês dirão que eu inventei esta história apenas para entretê-los. Mas a verdade é que, se o misterioso boneco de neve não tivesse surgido naquela caverna para me salvar, hoje eu não poderia estar aqui, contando esta história. Por esse motivo, eu dedico esta pequena narrativa àquele misterioso ser que ainda vive no coração de todas as crianças que moravam naquele reino e foram atraídas para a caverna do monstro.

Sisi Marques