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ROSINHA E O JARDIM DAS FADAS







Na vila onde Rosinha morava, não havia uma só pessoa que não comentasse que ela era muito estranha. Todas as noites, a mãe de Rosinha trancava portas e janelas... Mas, na manhã seguinte, mesmo que estivesse chovendo, lá estava a garotinha dormindo no jardim que havia no centro da praça.

Certo dia, um antigo morador sugeriu que destruíssem o único jardim que havia na vila. Mas uma senhora, cuja opinião também sempre era respeitada, disse pausadamente: "Não creio que seja uma boa ideia... Já destruímos todos os jardins... Só restou esse... Conseguimos nos livrar da aparição constante das fadas, mas talvez elas voltem a nos incomodar se destruirmos essa última morada. Rosinha nasceu muda e não pode nos contar o que acontece todas as noites naquele jardim... É bem melhor que seja assim!... Quanto menos soubermos sobre essas criaturas minúsculas de asas, melhor!...".

E Rosinha, todas as noites, acordava e encontrava pétalas de rosa no chão, formando um tapete do seu quarto até a porta da cozinha... Ela amava as flores e não ousaria pisar em suas pétalas!... Ela apanhava a cestinha e as recolhia. As fadas também amavam as flores e sorriam quando Rosinha aparecia no jardim para devolver as pétalas. Em retribuição, elas ofereciam bolo e chá para a garotinha... E usavam as pétalas para cobrir a grama e proporcionar a ela um lugar macio e perfumado onde dormir. Rosinha adorava deitar-se naquela cama de pétalas de rosa!... Enquanto o sono não vinha, ela apreciava o canto e a dança das fadas!...

Houve uma noite em que o coração de Rosinha se entristeceu. Depois daquela noite, Rosinha nunca mais encontrou as portas abertas e o tapete de pétalas à sua espera... Rosinha chorou muito na noite em que ouviu uma das fadas dizer: "Esta será a última noite que você passará conosco. Sabemos que não somos bem-vindas nesta vila... O nosso jardim está morrendo e, mesmo que teimássemos em preservá-lo, ele acabaria sendo destruído pelos moradores, porque eles não confiam em nós e preocupam-se com a sua segurança. Você nos trouxe muita alegria e gostaríamos de ofertar-lhe um presente: feche os olhos e deseje, de todo o coração, ter uma voz tão doce e melodiosa quanto a nossa!... Agora volte para a sua casa e durma na sua própria cama. Quando você acordar, todos se surpreenderão ao ouvi-la falar e cantar. Mas eles não poderão aborrecê-la com sua enfadonha tagarelice, porque se calarão durante cem dias... Esse foi o número de jardins que eles destruíram.".





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