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ARLETE E O DUENDE QUE ROUBAVA BOTÕES E RETROSES





Quando Arlete começou a trabalhar na oficina de costura, sua patroa disse: “Espero que você não seja outra ladrazinha!... Se os botões e os retroses começarem a sumir, você irá para a rua como as outras. E não adianta querer me enganar dizendo que aqui existe um duende que rouba os botões e os retroses, porque essa história eu já conheço de cor!... Ladras!... Ladras e mentirosas!... Um duende na minha oficina!... Elas poderiam ter inventado uma história melhor!...”.

Embora Arlete não tivesse gostado do que ouvira, ela precisava do emprego e permaneceu ali enquanto sua patroa saiu para visitar as clientes. Ela separou um retrós de linha vermelha, uma agulha e sete botões também vermelhos. Quando ela terminou de pregar o primeiro botão na blusa, verificou que, em vez de seis, havia apenas quatro sobre a mesa. Intrigada, ela exclamou: “Talvez exista mesmo um duende nesta oficina!...”.

Para espanto de Arlete, o duende materializou-se antes de dizer: “Pode apostar!... O meu nome é Lirineu. Eu cuido dos meus negócios, e você cuida dos seus!...”.

Ele já havia desaparecido quando Arlete disse: “E o meu nome é Arlete. Se você não devolver os botões que roubou, eu farei uma prece!...”.

Permanecendo invisível, o duende soltou uma gargalhada antes de exclamar: “Reze, reze à vontade!... Não tenho medo de orações!... Não roubo, pego emprestado!... E, intenção de devolver, não tenho não!... O meu nome é Lirineu!... Eu cuido dos meus negócios, e você cuida dos seus!...”.

Para convencer o duende a devolver os botões, Arlete mentiu: “O meu nome é Arlete, e eu conheço uma prece que fará com que você fique tão pequeno que conseguirá passar pelo vão da minha agulha!...”.

O duende materializou-se antes de exclamar: “Você está mentindo!... Mentirosa!... Mentirosa!... Se estiver mentindo, ficará com verrugas nessa sua pele rosa!...”.

Instintivamente, Arlete passou a mão no rosto para verificar se havia verrugas, e o duende começou a cantarolar: “Mentirosa!... Mentirosa!... Estamos quites!... Mentirosa!... Mentirosa!...”.

Começando a se impacientar, Arlete exclamou: “Agora, chega de brincadeiras!... Devolva-me os botões e vá cuidar da sua vida!... Se a patroa chegar e verificar que os botões foram roubados, eu serei despedida por sua causa!... É você o ladrãozinho, e não eu!...”. 

Arlete ficou surpresa quando ouviu Lirineu dizer: “Eu não sou ladrão, sou um construtor e preciso de retroses e botões para mobiliar minha árvore. O que eu usarei no lugar dos botões se devolvê-los?!...”.

Arlete pensou e teve uma ideia... Disse: “Se você parar de pegar emprestado os botões e os retroses, quando eu receber, prometo comprar uma grande quantidade de botões e retroses para você mobiliar sua árvore.”.

Lirineu pensou, pensou antes de responder: “Concordo em esperar!... Mas o que eu farei até lá?!... Já sei: posso ajudar você a costurar!...”. Arlete ficou impressionada com a rapidez que as mãozinhas de Lirineu manejavam a agulha.

Quando a patroa de Arlete chegou, também ficou surpresa e satisfeita ao verificar que boa parte do trabalho havia sido feita e, principalmente, que nada estava faltando. Para recompensá-la, ela disse: “Você já pode ir... Pegue este dinheiro... Vamos, pode pegá-lo... Considere-o como um adiantamento. Acredito que nos daremos muito bem.”.

Arlete deixou a oficina e, quando retornou na manhã seguinte, trouxe uma caixa de retroses de linha de diversas cores e botões em vários formatos, para dar de presente ao seu novo amiguinho.



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