0

UM PRÍNCIPE EM BUSCA DE SUA AMADA




Num reino onde o amor é eterno, a escolha tem que ser cuidadosamente feita. O Príncipe das Flores procurava a sua amada no olhar de muitas fadas, mas não conseguia encontrá-la.

Certo dia, o Gnomo Sábio lhe disse: “Você ainda não a encontrou, porque não soube onde procurá-la. Você só a procura entre as flores exuberantes, mas ela pode estar repousando sobre as flores do campo... Ou talvez ela ame as rosas que nascem em qualquer jardim... A futura Princesa das Flores não é uma fada comum, porque não escolhe o objeto do seu amor. O seu coração é imenso e, nele, há lugar para todas as flores, desde as mais belas e perfumadas até as menos vistosas.” 

E o Príncipe abandonou os jardins suntuosos para partir em busca de sua amada. Ele conseguiu encontrá-la em um deserto, apreciando uma mimosa flor que nascera entre os espinhos de um cacto e conseguiu sobreviver.




0

MARCELO, A VELHINHA E O GATO DE PANO



Marcelo era um garoto gentil e prestativo. Por mais que estivesse ocupado, ele sempre encontrava tempo para auxiliar alguém.

Certo dia ele estava andando depressa, porque já estava atrasado para a escola, quando uma velhinha bloqueou o seu caminho e perguntou se ele poderia retirar o gato do galho da árvore.

Sem hesitar, Marcelo seguiu a velhinha e sentiu-se confuso ao verificar que o gato era feito de pano. Para evitar causar constrangimentos, ele subiu na árvore e perdeu vários minutos tentando alcançar o gato, que estava enrolado no galho. Mas, quando Marcelo finalmente conseguiu segurá-lo e desceu da árvore para entregá-lo à velhinha, ela havia desaparecido.

Marcelo pensou em abandonar aquele brinquedo roto e desengonçado ali mesmo. O gato de pano, porém, pulou de sua mão e começou a se arrastar no chão por alguns segundos, como se estivesse vivo. Quando o gato parou, e Marcelo abaixou-se para apanhá-lo, ele reparou que havia um zíper em sua barriga. Curioso, ele abriu o zíper e ficou encantado ao ver e ouvir um mimoso pintinho, puxando conversa como se o conhecesse há muito tempo.

Marcelo exclamou: “Eu devo estar sonhando!...”. E o pintinho respondeu: “Não sou um sonho e sim uma recompensa por sua generosidade.”.




Texto: Sisi Marques


Arte: Felipe Tognoli


4

O MAGO ANTERO E O MORCEGO




Antero havia caminhado durante horas e sentou-se recostado a uma lápide para descansar. Ele se perguntava onde estaria o animal que lhe traria sorte na realização de seus feitiços. Embora ele estivesse exausto, ele se sentia feliz porque sabia que ninguém retornava do cemitério dos magos sem um assistente.

Quando Antero iniciou a busca, havia um falcão desenhado em sua imaginação. Mas o único ser que ele encontrou naquele lugar sombrio foi um morcego. Antero sentia pavor de morcegos e desejava que aquele morcego se afastasse.  E ele só parou para descansar porque pensou que o morcego havia seguido outro caminho.

O morcego, no entanto, logo reapareceu, e Antero levantou-se com a intenção de espantá-lo. Foi nesse momento que pensamentos inquietantes bombardearam o seu cérebro... Talvez fosse aquele morcego o animal que o seu professor de magia dissera que ele precisava encontrar, antes de se dedicar à realização dos feitiços. Não!... Não poderia ser!... Como aquele ser que lhe provocava arrepios, poderia inspirá-lo?!... Mas lá estava ele, como uma sombra, a segui-lo.

Antero continuava caminhando, desejoso de encontrar o falcão que a sua imaginação desenhara. E ele teria continuado caminhando se, de repente, algo surpreendente não tivesse acontecido: Bem diante dos olhos arregalados de Antero, o corpo do morcego desprendeu-se das asas e foi murchando até assumir a forma de uma varinha. Simultaneamente, as asas se alongaram e se transformaram em uma capa, que voou e pousou nos ombros de Antero. A varinha também voou e foi parar em suas mãos.

O sonho de Antero se realizava: Vestido com a capa e de posse da varinha, ele absorveu o poder e a experiência dos grandes magos. No momento seguinte, a varinha voltava a se transformar no corpo do morcego, e a capa readquiria a capacidade de proporcionar a ele a habilidade do voo.

A partir do estranho acontecimento, Antero e o morcego tornaram-se amigos inseparáveis. Embora, antes de abandonar o cemitério, Antero tivesse visto dois pássaros se aproximando, ele os ignorou e retornou ao castelo de seu professor de magia, para apresentar-lhe o seu novo amigo e assistente. 








Texto: Sisi Marques


Arte: Natacio Serafim