Você gostou das minhas
asas?!... Elas são lindas, não são?!... Mas houve uma época em que eu ainda não
possuía asas. Deixe-me contar-lhe como ganhei minhas asas e, também, como elas
se tornaram tão belas!...
Desde que despertei para
esta realidade, eu sempre tive esta aparência, mas eu ainda não tinha um
nome!... Você deve imaginar como eu me sentia: uma fada sem nome e sem asas!...
Confesso que sentia inveja das outras fadas: delicadas, ágeis e eficientes!...
A minha vida começou a
mudar no dia em que vi uma garota chorando. Embora ela não me visse, ela
conseguia me ouvir. Ela deve ter imaginado que eu fosse sua intuição, porque eu
comecei a falar e, em pensamento, ela me dizia o que eu precisava saber.
Eu acabei descobrindo
que Flávia estava triste porque sentia saudade de Leandro, o amigo que teve que
se mudar com a família. Ela estava
preocupada e receava que ele a esquecesse. Dentro das minhas habilidades tão
limitadas, eu só poderia conversar com ela e emitir boas vibrações. Foi nesse
momento que eu descobri o meu nome: Esperança.
Era exatamente isso o
que eu deveria transmitir: esperança!... Eu fiquei satisfeita quando Flávia
parou de chorar e ensaiou um sorriso. Eu desejava poder fazer mais por ela, mas
o que uma fada sem asas poderia fazer?!... Fiquei assustada e feliz quando, de
repente, um par de asas instalou-se nas minhas costas!...
Qualquer fada, que me
visse com aquelas asas transparentes, olharia para mim com ar de desdém!... Mas
elas eram minhas!... E voavam!... Eu precisava encontrar Leandro!... Precisava
dizer a ele que Flávia o amava e temia que ele a esquecesse.
Voei, voei e continuei
voando até conseguir localizar Leandro. Era como eu suspeitava: o coração dele estava
ausente, porque não saíra um minuto sequer do lado de Flávia... Eu pousei em
seu ombro e sussurrei em seu ouvido: “Flávia está apaixonada por você e receia
que você a esqueça. Volte, Leandro!... Você precisa encontrar um modo de voltar!...”.
Leandro era ainda mais
receptivo do que Flávia, e eu me surpreendi quando o ouvi murmurar: “Flávia!...
Flávia!... Que saudade, Flávia!... Eu preciso encontrar um modo de voltar!...”.
Eu permaneci ao lado de
Leandro durante meses, porque ele sofria ainda mais do que Flávia. Ele insistia
com os pais para que eles voltassem a morar na mesma casa, mas a casa não
estava mais disponível. Eu não sabia mais o que fazer e decidi voltar para o
lado de Flávia.
A garota ainda
acalentava o desejo de que Leandro retornasse. Havia uma casa para alugar ao
lado da casa onde ela morava, e Flávia ficava imaginando seu amigo entrando e
saindo da casa. Ela até mesmo o via acenando da janela.
Eu precisava fazer algo
para ajudá-los e voltei para contar a Leandro sobre a casa. Intuitivamente ele
abraçou a ideia, e os pais dele ficaram surpresos quando verificaram que
realmente havia uma casa que eles poderiam alugar.
Quando Flávia e Leandro
se reencontraram, eu senti uma alegria imensa, e a felicidade que brilhava
esplendorosamente nos olhos de Flávia coloriu as minhas asas!...
Quando você sentir o ânimo
renovado pelo calor da esperança, lembre-se de mim. É bem provável que eu
esteja pousada no seu ombro, sussurrando as palavras que apenas o seu coração
conseguirá ouvir.
Texto: Sisi Marques
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