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O AMOR DE CLARA PELO REI


“O que faz o coração tornar-se independente, ganhar asas e voar em direção aos seus sonhos?”, era essa a pergunta que saltitava na mente de Clara.

A rotina tornava-se cada vez mais pesada, enquanto os seus sonhos continuavam leves e perfumados. Clara amava o Rei e sonhava em casar-se com ele. Mas o Rei era profundamente egoísta e só conseguia amar a si mesmo.

Certo dia, Clara pensou que fosse desmaiar quando ouviu o Rei dizer: “As coisas não são o que parecem... Existe um sentimento trancafiado em meu peito, que eu não consigo libertar. Para conseguir o meu amor, Clara, você teria que fazer um sacrifício. Estaria disposta a isso?!... Os meus pais me disseram que, na época em que eu ainda era um bebê, um Feiticeiro se hospedou no castelo e, quando saiu, em vez de agradecer, colocou um feitiço em mim. Segundo ele, eu só conseguiria me apaixonar depois que uma jovem concordasse em viver com os olhos vendados durante um ano. Você se submeteria a esse sacrifício?...”.

Revestindo-se de coragem, Clara murmurou: “Sim. Nenhum sacrifício seria mais terrível do que a ausência do seu amor.”. O coração de Clara desfez-se em pranto no momento em que o Rei, friamente, advertiu: “Lembre-se de que não poderá retirar a venda nem mesmo por um segundo. Se você não conseguir e retirar a venda, eu terei que pedir a outra jovem que se submeta ao sacrifício.”.

Naquele instante, Clara compreendeu que, no coração do Rei, ainda não havia amor, e duas lágrimas teimaram em cair de seus olhos. Ela perguntou: “Onde está a venda?”. O Rei respondeu: “Aqui está ela. Ela é mágica e se amoldará aos seus olhos. Foi um presente do Feiticeiro.”.

Clara passou um ano inteirinho com os olhos vendados. Para fugir ao desespero, ela trazia os olhos do Rei desenhados em sua imaginação.

Finalmente, o dia de retirar a venda chegou. E Clara surpreendeu-se ao comparar os olhos que via à sua frente com os que acariciara em pensamento. Os olhos que contemplavam o seu rosto eram mais bonitos e profundos porque o amor, há tanto tempo esperado, passou a habitá-los com toda a sua intensidade.



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